Original Article: Jack [John Griffith] London
Author: Dr. Clarice Stasz

Jack (John Griffith) London

John Griffith London (1876-1916) nasceu em San Francisco de uma mãe solteira com histórico de alta sociedade, Flora Wellman. Seu pai pode ter sido William Chaney, um jornalista, advogado, e figura importante no desenvolvimento da Astrologia americana. Como Flora estava doente, Jack foi criado durante sua infância por uma ex-escrava, Virginia Prentiss, que permaneceria como uma importante figura maternal enquanto crescia. Tarde em 1876, Flora casou com John London, um veterano de guerra parcialmente incapacitado. A família se mudou para a área de Baía antes de se assentar em Oakland, onde Jack terminou a escola primária. Ainda que a família fosse de classe trabalhadora, não era tão pobre quanto as descrições futuras de London acusavam.

Como adolescente, o garoto assumiu o nome de Jack. Ele trabalhou em vários trabalhos pesados, pirateou por ostras em San Francisco Bay, serviu numa patrulha pesqueira para capturar ladrões de peixe, velejou o Pacífico num barco pesqueiro, se juntou ao exército de Kelly de homens trabalhadores desempregados, mendigou ao redor do país, e retornou ao ensino médio aos 19 anos. No processo, ele se familiarizou com o socialismo e foi conhecido como o Menino Socialista de Oakland por sua oratória de canto de rua. Ele tentou diversas vezes virar prefeito sob a etiqueta socialista. Sempre um leitor prolífico, ele conscientemente escolheu se tornar um escritor para escapar da horrível perspectiva de um trabalho de fábrica. Ele estudou outros escritores e começou a enviar estórias, piadas, e poemas para vários publicações, quase sempre sem sucesso.

Passando o inverno de 1897 em Yukon rendeu o ouro metafórico para suas primeiras estórias, que ele começou a publicar no Overland Mensal em 1899. Daquele ponto ele era um escritor altamente disciplinado, que produziria mais de cinquenta volumes de histórias, romances, e ensaios políticos. Ainda que O Chamado do Selvagem (1903) o tenha trazido fama duradoura, muitos dos seus contos merecem a alcunha de “clássicos,” assim como sua crítica ao capitalismo e pobreza em O Povo do Abismo (1903), e sua forte discussão sobre o alcoolismo em John Barleycorn (1913). A longa viagem de London através do Pacífico num pequeno barco ofereceu material para livros e estórias sobre a cultura Polinésia e Melanésia. Ele foi instrumental ao quebrar o tabu sobre leprosos e ao popularizar o Hawaii com ponto turístico.

London esteve entre as figuras mais públicas de seus dias, e ele usou essa vantagem para mostrar seu apoio ao socialismo, ao direito de voto às mulheres, e eventualmente, a proibição. Ele esteve entre os primeiros escritores a trabalhar com a indústria cinematográfica, e viu alguns dos seus romances se tornarem filmes. Seu romance O lobo-marinho se tornou a base para o primeiro longa-metragem americano. Ele também uma das primeiras celebridades a usar seu apelo para produtos comerciais em propagandas, incluindo roupas e suco de uva.

Por ser autodidata, as ideias de London careciam de consistência e precisão. Por exemplo, ele claramente aceitou o Darwinismo social e racismo científico prevalente no seu tempo, mas parecia preocupado que o “inevitável homem branco,” em suas palavras, destruiria as culturas ricas de vários grupos nativos que encontrou no decorrer dos anos. Ainda que apoiasse o direito de voto das mulheres e que tenha criado algumas das personagens femininas mais fortes e independentes da ficção americana, ele era patriarcal com suas duas esposas e duas filhas. Seu socialismo era fervente, mas batia de frente com sua inclinação ao individualismo e sucesso capitalista. Esses temas contraditórios em sua vida e sua escrita o tornam uma figura difícil de reduzir em termos simples.

O grande amor de London se tornou a agricultura, e ele frequentemente afirmou ter escrito para apoiar seu Beauty Ranch em Glen Ellen. Ele trouxe à Califórnia técnicas observadas no Japão, como terraceamento e dispersão de esterco, e era proficiente em criação de animais. Ele estava muito a frente do seu tempo em desenvolver o rancho como auto-suficiente e de regeneração própria. Sua Wolf House, por exemplo, foi construída com pedra e lenha de sua propriedade. Ele era muito influenciado pelas Artes e Filosofia nesse sentido.

O primeiro casamento de London (1900) foi com Bess Maddern, com quem ele teve duas filhas, Joan e Bess. Ao escolher ela, ele seguiu o preceito de um livro que ele co-escreveu com Anna Strunsky, The Kempton-Wace Letters, que companheiros deveriam ser selecionados para boa reprodução, não amor. (Bess concordava.) Seguindo um caso com “Nova Mulher” Charmian Kittredge, cinco anos mais velha, ele divorciou Bess. Em 1905 ele casou com sua “Mulher Companheira”, que se tornou a persona para muitas de suas personagens femininas e que avidamente se juntava a muitas de suas viagens e aventuras. Ele encorajou a carreira na escrita dela, e ela escreveu três livros sobre sua vida (The Log of the Snark, Our Hawaii, e The Book of Jack London).

Frequentemente incomodado por males físicos, durante seus trinta e poucos London desenvolveu uma doença nos rins de origem desconhecida. Ele morreu de insuficiência renal em 22 de Novembro, 1916 no seu rancho. Já que seus textos foram traduzidos em dúzias de línguas, ele permanece mais lido em países fora dos Estados Unidos do que em seu país natal. O estudo de sua vida e obra oferece um caso para examinar as contradições no caráter americano, junto com movimentos e ideias chave proeminentes durante a era Progressista.

Seguindo a morte de London, por vários motivos um mito bibliográfico foi desenvolvido enquadrando London como um mulherengo alcoólatra que cometeu suicídio. Conhecimento recente vindo de documentos de primeira mão desafiam esta caricatura. Mas sua persistência resultou na negligência de sua obra literária e sua importância como uma figura seminal na história social da virada do século.

Dr. Clarice Stasz.
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Documento mantido em http://london.sonoma.edu/jackbio.html.