Original Article: The World Trade Center Bombing as a Fourth Generational Turning Point
Author: Ted Goertzel
O Bombardeio do World Trade Center como um Momento Decisivo da Quarta Geração
por Ted Goertzel, Rutgers University, Camden NJ 08102
[email protected]
http://crab.rutgers.edu/~goertzel
RESUMO: Um número de escritores têm observado mudanças periódicas na cultura e política, em ambas sociedades estadunidenses e europeias. Essas mudanças no zeitgeist ocorrem a cada vinte ou vinte e cinco anos e parecem ser desencadeadas por grandes acontecimentos históricos. O bombardeio do World Trade Center e Pentágono em 11 de setembro de 2001 pode ter sido tal evento, e muito especulam que pode ser sucedido por uma mudança geracional na consciência em massa. Um revisão das teorias de mudanças geracionais, baseada em estudos de tendências no passado, pode nos ajudar a entender e lidar com as mudanças que provavelmente iremos enfrentar no futuro. Um sumário em vídeo de um a trabalho aplicando a teoria geracional às eleições presidenciais de 2000 está disponível(requer Real Player).

Mudanças no zeitgeist - o espírito dos tempos - de década em década são um clichê cultural. Falamos do “conformismo” dos anos 50, os “tempos radicais” durantes os anos 60 e 70, a “década egoísta” nos anos 80, e assim por diante. Essas mudanças não são sempre tão nítidas quanto esses clichês insinuam, e normalmente têm mais de dez anos de diferença. Mas não há uma boa evidência de que são reais. Desde 1966, o Instituto de Pesquisa em Educação Superior na Universidade da Califórnia em Los Angeles pesquisou os calouros da universidade americana. Em 1966, a maioria dos calouros pensou que “desenvolver uma filosofia de vida significativa” era mais importante do que “ser bem sucedido financeiramente.” Já em 1996 as posições foram trocadas. O gráfico abaixo, de Alexandre Astin, et al (1997) sobre essa pesquisa dá uma evidência gráfica dramática da realidade dos valores em mudanças geracionais. Ao mesmo tempo, podemos perceber que outros valores, como o desejo de “ser bem sucedido no meu próprio negócio” ou “ajudar outros que estão em dificuldade” não mostram mudança geracional.

Trends in the Values of
                College Freshmen
Pesquisa Nacional de Calouros da Faculdade, 1966 a 1996. De Astin, et. al (1997).
Essas mudanças são reais e demonstráveis. Mas por que elas acontecem? Como podem essas mudanças serem concebidas, medidas e explicadas? Elas são periódicas o suficiente para serem, pelo menos, previsíveis? Um número de pesquisadores oferecem diferentes respostas para essas questões, baseando-se em diferentes tipos de dados. Esse trabalho oferece uma visão geral dessa pesquisa, terminando com alguns comentários no momento históricos em que nos encontramos após 11 de setembro de 2001

Alternâncias entre Esquerda e Direita.  Essas mudanças são frequentemente vistas politicamente, como um ciclo entre esquerda e direita, ou entre “liberais” e “conservadores”, no uso estadunidense desses termos. Uma das mais conhecidas fontes de evidência nos padrões cíclicos da política americana é o trabalho de Arthur Schlesinger, Sr. (1949: 77-91) e Arthur Schlesinger, Jr. (1986: 23-50; 1992) que têm uma tradição familiar de analisar ciclos históricos na política eleitoral americana. Ne visão deles, a população estadunidense está dividida entre “liberais” e “conservadores”, termos que são amplamente usados apesar de consideravelmente ambíguos sobre seus significados. Como os Schlesinger definem os termos, “liberais” procuram usar o governo para avançar em fins públicos enquanto que “conservadores” procuram liberdade para buscar interesses privados. Na visão deles, alternâncias na opinião da maioria de um lado para o outro causa mudanças periódicas no humor da nação. Eles acreditam que essas mudanças ocorrem em intervalos regulares através da história estadunidense, como demonstrado na seguinte tabela (os itálicos mostram minha projeção do modelo deles no futuro).
 

Liberal Conservador
1765-1787 1787-1801
1801-1816 1816-1829
1829-1841 1841-1861
1861-1869 1869-1901
1901-1919 1919-1931
1931-1947 1947-1961
1961-1978 1978-1993
1993-2010 2010-2026

Arthur Schlesinger, Sr., observou que a duração média dos onze períodos até 1947 era 16.55 anos. Os três períodos desde sua computação foram praticamente a mesma magnitude: 14, 17 e 15 anos. A votação em eleições nacionais é a principal fonte de dados dos Schlesinger, o que significa que as mudanças do humor nacional pode passar despercebido até que sejam revelados em um ano de eleição. Eles observam que uma enorme crise nacional também pode interromper o ritmo habitual.

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A ambição da maioria dos estudantes de ciclos é prever o futuro, e Arthur Schlesinger, Sr., teve um sucesso notável em prever as mudanças no zeitgeist político. Em 1924, ele previu que o conservadorismo estilo Coolidge duraria até 1932. Em 1939, ele previu que o humor liberal acabaria próximo a 1947. Em 1949, ele previu uma mudança para liberalismo em 1962 e uma mudança conservadorista em 1978. Essas previsões encaixam com os resultados eleitorais muito bem. Arthur Schlesinger, Jr., contudo, falhou quando publicou uma coluna intitulada “Como McGovern Irá Vencer” em 1972. A eleição do mais “liberal”, Bill Clinton, em 1992, sob George H.W. Bush encaixa no modelo de Schlesinger, indo contra a sabedoria convencional no final da década de 1980, que foi o período em que a dominação republicana conservadora duraria muito mais.

Os Schlesinger não estavam ligados a nenhuma explicação teórica particular das tendências que haviam observado. Várias vezes, eles consideraram os ciclos de manchas solares, biorritmos, e sucessão geracional como possíveis fatores causacionais. Mais convincentemente, no entanto, eles se voltaram para as dinâmicas da organização política por si mesma. Parece levar cerca de quinze anos para um partido ou movimento político bem sucedido definir sua agenda, mobilizar seus recursos, implementar suas políticas da melhor forma possível, e obter os resultados que são inevitavelmente menos do que o esperado. Partidos políticos e outras organizações políticas passam por um ciclo um tanto quanto previsível: crescimento e vitalidade com um líder carismático, um período de maturidade e liderança mais rotineira, e então um declínio gradual conforme os líderes se tornam flexíveis e os adeptos cansam da mensagem. Além disso, em um sistema de dois partidos, o partido opositor, revigorado pelo desafio de reconquistar o poder, tem sua vez. Essa dinâmica de organização política claramente justifica algumas das maiores mudanças políticas, por exemplo, a dominação da política britânica pelo Partido Conservador na liderança de Margaret Thatcher e seu declínio subsequente com John Major, seguido pela re-invenção do Partido Trabalhista na liderança de Tony Blair. Isto teve pouco a ver com ideologia visto que o Novo Partido Trabalhista aceitou grande parte das políticas desenvolvidas pelos Conservadores. Focando nas tendências de políticas eleitorais para dar mais peso à essas dinâmicas organizacionais ao invés de às mudanças no zeitgeist.

Mudanças no Nível de Envolvimento Estrangeiro. O cientista político Frank Klingberg (1952) escreveu sobre as alterações de humores na política estrangeira dos EUA. Ao invés de liberalismo e conservadorismo, ele estudou a alternação entre introversão e extroversão, termos que parecem de uso mais psicológico do que político. Durante períodos extrovertidos, a nação se dispõe a exercer poder econômico, diplomático e/ou militar em outras nações. Durante períodos introvertidos, não se mostra disposta a fazê-lo, talvez por causa da preocupação com questões domésticas. Uma vez que um humor dominante está firmemente estabelecido, Klingberg descobriu que ele persiste por duas décadas ou mais. Desde 1976 ocorreram quatro fases introvertidas, com uma média de 21 anos de duração, e três fases introvertidas com duração aproximada de 27 anos de duração. A fase extrovertida mais recente começou em 1940 ou 1941. O artigo de Klingberg foi publicado no meio desta fase que parece ter terminado mais ou menos ao mesmo tempo em que a guerra do Vietnã terminou, em 1973. O período de 1973 até 1991 pode ser caracterizado como uma fase introvertida na política estrangeira estadunidense, geralmente atribuída a um medo de repetir o desastre do Vietnã. O presidente George H.W. Bush declarou o fim desta “Síndrome do Vietnã” com uma intervenção que levou as tropas iraquianas para fora de Kuwait em 1991. A periodização de Klingberg é como mostrada:
 

Introvertido Extrovertido
1776-1798 1798-1824
1824-1844 1844-1871
1871-1891 1891-1919
1919-1940 1940-1973
1973-1991 1991-

Klingberg notou uma similaridade entre suas observações e aquelas de Arthur Schlesinger, Sr., mas seus ciclos eram de maior duração e os momentos de reviravolta não coincidiam com frequência. Essa diferença pode ser porque ele focou na política estrangeira, enquanto que os Schlesinger focaram em políticas doméstica, social e econômica. Sua base de dados também era diferente: enquanto que os Schlesinger baseavam-se em descrições qualitativas dos temas de campanhas eleitorais, Klingberg coletou uma boa quantidade de dados quantitativos. Ele analisou estatisticamente os endereços do “estado da união” presidencial, codificando a porcentagem do endereço que mencionava relações estrangeiras ou expondo a importância de ações positivas em casos estrangeiros. Também estudou plataformas de partidos e tendências em despesas navais. Seus dados extensos foram claramente reproduzidos em gráficos de barras e linhas que revelaram a dificuldade inerente neste tipo de trabalho. Os padrões são irregulares, com as tendências a longo prazo obscurecidas por flutuações econômicas de curto prazo. Isto é inerente nos dados, e Klingberg não recorre a qualquer das técnicas de suavização que às vezes são usadas para fazer tendências parecerem enganosamente claras. Bastante julgamento é necessário para adequar esses dados em padrões claros apresentados neste artigo, e há espaço para discordância sobre quando um período termina e outro começa.

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Como os Schlesinger, Klingberg não era comprometido com nenhuma explicação teórica para os ciclos observados. Ele revisou uma lista compreensiva de possíveis causas: exaustão periódica com qualquer política dominante e o desejo por algo novo, mudança geracional, fatores políticos ou econômicos dentro dos Estados Unidos, mudanças nas políticas de outras nações. Ele expressou a visão que o ciclo introversão-extroversão pode ser mais fundamental do que o ciclo liberal-conservador. Especulou que o modelo de Toynbee de “desafio e resposta” pode ser aplicável, e sugeriu que a história estadunidense pode ser interpretada como uma série de respostas a desafios fundamentais, por exemplo, o ciclo revolucionário, o ciclo anti-escravidão e o ciclo populista. Em 1952, ele viu a América como superando o desafio de liderança mundial em defesa do mundo livre.

Mudanças na Opinião Pública.  Um estudo empírico rigoroso feito por William Mayer (1992a, 1992b) ofereceu a forte evidência para a realidade de mudanças periódicas nos Estados Unidos. Mayor tabelou os resultados de centenas de pesquisas de opinião pública conduzidas durante o período de 1960 até 1988. Essas pesquisas frequentemente têm a mesma questão em vários momentos. Há problemas com os dados, tais como variações em desenhos de amostra, os efeitos da ordem de perguntas, mudanças de palavras ou mudanças no sentido das palavras através do tempo, etc. Mas Mayer lidou com todos esses problemas habilmente, fornecendo uma medida rigorosa e objetiva de mudanças em atitudes. Uma grande limitação, claro, é que ele apenas foi capaz de achar dados suficientes até 1960, e, mesmo então, os dados eram escassos até 1975.

Apesar de Mayer ter discutido um período de tempo relativamente curto, é um que tem sido extensivamente analisado por escritores com diferentes perspectivas. Alguns escritores esquerdistas, por exemplo, negaram que a opinião pública tomou o rumo para a direita nos anos 70 (Parenti, 1986; Paletz e Entman, 1981). Esses escritores declararam que a “revolução Reagan” não estava em contato com a opinião pública, mas a distorcia e manipulava. Os dados de Mayer fornecem uma visão mais diferenciada, mostrando que Reagan estava de acordo com a opinião do povo em algumas questões, mas em outras não.

Mayer usou os termos “liberal” e “conservador” para organizar sua análise de um grande número de itens da opinião públicas. Muitos especialistas em opinião pública questionaram quão bem a atitude do público em uma ampla variedade de problemas pode realmente ser agrupada nessas duas categorias bastante generalizadas (Converse, 1964; Goertzel, 1981). Ao invés de tratar “liberalismo” e “conservadorismo” como ideologias globais, Mayer analisou cada problema separadamente. Para avaliar tendências globais, ele simplesmente calculou a média dos itens, declarando uma mudança liberal quando a opinião movimentou-se em uma direção liberal em mais itens da pesquisa do que se moveu na direção conservadora. Esse método dá peso igual para todos os problemas medidos pelas pesquisas de opinião pública, enquanto que o público pode realmente dar maior importância para alguns dos problemas do que outros. Pode-se presumir que os pesquisadores estão fazendo um bom trabalho em selecionar os problemas de maior importância para o público, o que provavelmente é uma boa pressuposição. Uma alternativa pode ser examinar questões que perguntam ao povo quais problemas os preocupam mais, ou focar naqueles temas que correlacionam mais aproximadamente com o comportamento eleitoral. A tabela seguinte resume os achados de Mayer.
 

1960-1965 Estabilidade. Tendências liberais em igualdade racial e punição capital. A maioria das mudanças são pequenas e neutralizadas por tendências conservadoras.
1966-1973 Mudança Liberal. Mudanças liberais sobre sexo antes do casamento, aborto, igualdade racial, status da mulher, política estrangeira, o orçamento da defesa, relações soviéticas e muitas outras questões. Tendências conservadoras acerca de crime, impostos, trabalho, posse de arma, auxílio estrangeiro.
1974-1980 Turno Direito. Mudanças conservadoras acerca do crime, o ERA, relações soviéticas, gastos e intervenções militares, impostos, gastos do governo, regulações, inflação e o ambiente. Tendências liberais em igualdade racial, mulheres, sexo pré-marital, legalização da maconha.
1981-1988 Ressurgimento Liberal. Mudanças liberais acerca de raça, militares, gastos do governo, direitos dos homossexuais, relações soviéticas, mulheres, família, ambiente. Tendências conservadoras sobre crime, aborto, direitos e privilégios econômicos, lucros empresariais.

Os dados detalhados da questão específica de Mayer torna possível perguntar se há tendências diferentes para diferentes tipos de problemas, por exemplo, questões de política estrangeira, problemas econômicos, questões de estilo de vida, etc. Alguns desses podem ser cíclicos, outros não. Na verdade, Mayer encontrou que a mudança de atitude foi uma questão ainda mais específica do que isso. Por exemplo, estadounidenses tornaram-se mais liberais nos direitos da mulher, mas mais conservadores na Emenda de Direitos Igualitários. Tornaram-se mais conservadores na posse de armas, mas não no registro de armas. Há uma forte tendência liberal em relações de raça e igualdade das mulheres, e uma tendência de conservadorismo consistente acerca de crime e punição. Os dados da pesquisa permitiram a Mayer ver as diferenças de idade, fornecendo um teste empírico da hipótese geracional. Seus resultados foram misturados. Efeitos geracionais foram importantes para mudanças em questões sociais e culturais, mas não para opiniões sobre política estrangeira e questões econômicas.

Talvez por causa de sua imersão nessa massa de dados, Mayer teve dificuldade em chegar a conclusão sobre as tendências principais. Ele observou que a opinião pública estava liberalizando de 1981 a 1998, mas falhou em prever como essa tendência teria um efeito nas eleições presidenciais de 1992. Sucumbindo à sabedoria convencional de seu tempo, ele ignorou seus próprios dados e previu “o cenário mais provável para o futuro é uma repetição dos últimos dez anos; mais presidentes republicanos, e mais angústia liberal” (Mayer, 1992b: 340).

Mudanças na Psique da PopulaçãoUma aproximação mais explicitamente psicológica foi a de Harold Lasswell (1932) que talvez tenha sido o primeiro a tentar relacionar fatores psicodinâmicos subjacentes à ciclos na consciência política da massa. Lasswell aplicou o clássico esquema Freudiano de “id” (necessidades biológicas), “ego” (teste da realidade) e “superego” (inibições adquiridas socialmente) à vida política. Debateu que foi importante considerar motivações inconscientes, por exemplo, em entender porque líderes tais como Woodrow Wilson e Abraham Lincoln comportaram-se irracionalmente, ou porque eleitores tendem a ver líderes políticos como santos ou mártires. Ele sugeriu que suas ideias pudessem ser aplicadas às dinâmicas sociais, mas não desenvolveu a ideia completamente. Resumiu seu princípio essencial da seguinte maneira (1932: 538): “indulgência prolongada do ego e superego produzem redefinições em direções gratificante ao id; indulgências prolongadas do ego e id produzem redefinições em direções gratificante ao superego.”

Um número de questões interessantes é levantado por esse esquema. Presumivelmente, “ego” coincide com políticas moderadas ou pragmáticas, com “id” e “superego” correspondentes aos extremos. Podem “id” e “superego” ser equiparados com “esquerda” e “direita”, respectivamente, ou são ambos extremos caracterizados por excessos de id e superego? Eles correspondem às eras de dominação por “propósitos públicos” (superego) e “interesses privados” (id) dos Schlesinger? Como que as sociedades como um todo tendem a fazer esse ciclo de um pólo ao outro, como na década “conformista” de 1950 e meados de 1960, e o final “liberalista” da década de 1960 e 1970?

Uma abordagem psicodinâmica mais complexa e sofisticada é a de Lloyd DeMause (1982) cuja teoria de fantasias grupais históricas oferece uma explicação psicodinâmica ambiciosa e criativa dos ciclos em consciência política da população. Fantasias grupais são criadas porque pessoas deslocam os sentimentos de âmbito público conectados com sua busca por amor. Essas fantasias coletivas ajudam as pessoas a expressar sentimentos que, de outra maneira, são privados e a “agir e defender contra desejos reprimidos, cólera e proibições que têm sua origem em infâncias comum ao grupo” (p. 172). Fantasias em grupo funcionam como um mecanismo de defesa e são instáveis assim como os mecanismos de defesa individuais o são. Eles são, portanto, “sujeitos a um eventual colapso devido a ambos o retorno dos reprimidos e à inabilidade da realidade de corresponder aos requerimentos do conteúdo da fantasia” (p. 174).

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DeMause mergulha a si mesmo em imagens da mídia em massa e modifica sua teoria para incorporar novas percepções conforme continua estudando. Uma ideia, desenvolvida em seu estudo da presidência de Jimmy Carter, é que a confiança do grupo em seu líder passa por quatro estágios regulares, que podem ser, mas não necessariamente, vistos como metáforas do processo de nascimento. DeMause acredita que as pessoas têm memórias de eventos fetais, tais como falta de oxigênio na placenta, e outros processos de nascimento que persistem na vida adulta e molda a visão política. Ele faz um caso histórico interessante para seu argumento, mas é difícil de ver como isso se relaciona com as mudanças históricas no zeitgeist visto que o processo de nascimento não muda muito de uma década para a outra. Seus estágios são mais curtos do que os dos Schlesinger ou de Klingberg, para não mencionar o de Sorokin. Na verdade, eles encaixam bem nos quatro anos de mandato do presidente estadunidense, o que reflete o intenso interesse de DeMause na política cotidiana dos americanos. Seus quatro estágios são os seguintes:
 

FORTE O primeiro ano do termo de um líder. Imagens de mídia enfatizam a força do líder e da nação. O líder é um recipiente para a fantasia grupal de força e segurança.
QUEBRA O sentimento do grupo de força e segurança enfraquece, há um aumento em culpabilização para evitar culpar o líder, e os limites do grupo parecem estar quebrando e desmoronando.
COLAPSO Intensa ansiedade acerca do colapso da fantasia grupal de força leva a ódio contra o líder.
REVOLTA Uma “percepção grupo-psicótica” identifica um “envenenador ilusório” que é o alvo para o ódio do grupo. O envenenador ilusório pode ser o líder, que pode ser assassinado ritualmente, ou pode ser um inimigo externo que pode ser provocado e atacado. Falhando esses grupos, a nação torna-se suicida, sacrificando elementos envenenados dela mesma para um inimigo de fora.

DeMause vê esses ciclos como parte de um padrão espiral na história, isto é, há uma tendência progressiva de longo prazo causada por melhoras geracionais na criação de filhos. Há duas “psico-classes” que alternam em dominação de ciclo para ciclo. A primeira, os “liberais” é o mais progressivo, eles se identificam com o id. Eles temem a separação e procuram segurança na revolta. Os “conservadores” são a psico-classe menos avançada; identificam-se com o superego, temem gratificação, e procuram segurança na ordem e disciplina. Desta forma, DeMause vê os mesmos grupos como outros observadores - liberais e conservadores -, mas ele discute que essa diferença é baseada em sua maquiagem psicológica ao invés de seus interesses econômicos ou crenças cognitivas.

A teoria de DeMause oferece tantas opções que pode explicar quase qualquer desfecho. Sua metáfora espiral sugeriria que liberais e conservadores devem suceder um ao outro regularmente em intervalos de quatro anos, mas ele não cita as razões do porquê este não é o caso. DeMause oferece hipóteses inovadoras sobre regularidades na história, por exemplo, que ilusões grupais violentas são precedidas por teorias conspiratórias e preocupação com acontecimentos sexuais. DeMause também oferece frequentemente aos leitores de seu Jornal de Psico-histórica avisos graves sobre prováveis eventos futuros. Por exemplo, ele previu que “Jimmy Carter - por razões tanto em sua personalidade quanto nas fortes demandas emocionais da fantasia americana - é muito provável de nos levar a uma nova guerra até 1979” (DeMause, 1982: 147). De fato, ele julgou completamente errado o caráter e política de Carter. Este que escolheu não utilizar a oportunidade de entrar em guerra apresentada pela crise dos reféns iranianos, preferindo permitir sua popularidade diminuir ao ponto onde ele perdeu as eleições de 1980.

A parte mais fraca do argumento de DeMause é seu uso de evidência. Ele ilustra suas observações profusamente com referências históricas selecionadas e imagens de mídia, mas sem nenhuma tentativa rigorosa de determinar se os padrões alegados podem ser confirmados estatisticamente. Ele argumenta que “as imagens de corpo usadas pelos cartunistas da nação são o melhor indicador dos estágios de fantasia grupal da nação” (DeMause, 1982: 204). Ilustra seus escritos com desenhos que encaixam em seus temas, mas nunca conduziu uma análise de conteúdo sistemática para determinar se realmente há variações cíclicas nas imagens de corpo nos desenhos publicados. O autor ficou animado quando eu (Goertzel, 1993) assumi tal projeto, mas quando os resultados não enquadraram-se em suas teorias, ele se tornou bastante defensivo. Ele contestou a maneira que eu selecionei desenhos para a análise e insistiu que apenas uma certa elite de cartunistas podia ser confiada de estar realmente captando o humor nacional. Em suas próprias análises, ele aparentemente selecionou os desenhos que encaixavam em sua teoria e simplesmente ignorou os que não o faziam. Esse é um mecanismo de defesa frequentemente usado por por verdadeiros crentes (Goertzel, 1982) quando a evidência não serve em suas preconcepções.

Mudanças em Temas Culturais.  O principal colaborador da sociologia à teoria cíclica foi Pitirim Sorokin, cujos quatro volumes de Dinâmicas Social e Cultural (1937-1942; edição abreviada 1957) foram, talvez, o estudo mais ambicioso de ciclos culturais já feito. Sorokin tinha uma teoria elaborada e ele tentou testá-la com dados empíricos. Argumentou que a história se movimento lentamente entre dois temas culturais: sensível e intuitivo. O sistema sensível é empirista, nominalista, determinista e materialista; acredita que o mundo físico e material é a realidade fundamental. O ideacional é idealista, místico, e realista num sentido de acreditar que ideias têm uma existência independente do mundo material. Sorokin argumenta que mudanças cíclicas em um sistema são amplamente devidas a um “desenrolar de suas possibilidades inerentes” (Sorokin, 1941: 5).

Sorokin aplicou seu esquema à história mundial por longos períodos de tempo, não aos ciclos de curta duração que são o foco deste trabalho. Por exemplo, ele considerou o triunfo do cristianismo sobre o paganismo romano como uma reação ideacional contra a natureza excessivamente sensível do império romano. Seus dados eram principalmente trabalhos intelectuais pelos principais filósofos e escritores de várias eras. Infelizmente, Sorokin não era um estatístico rigoroso. Uma re-análise cuidadosa de seus dados feita por Dean Keith Simonton (1976, 1984) não confirmou as conclusões de Sorokin. Simonton encontrou que as filosofias sensível e ideacional não alternam no tempo, mas, na verdade, andam juntas. Eras históricas com atividades filosófica e intelectual intensas (ambas sensível e intuitiva) são seguidas por períodos de baixa produtividade de ambos tipos. Claro, essa análise é baseada inteiramente em escritores publicados e pode não corresponder às tendências da consciência em massa.

Até onde eu sei, ninguém tentou aplicar a teoria de Sorokin às mudanças de curto prazo na política ou cultura americana. Contudo, uma teoria similar foi testada por Daniel Cover (1993) que analisou capas da revista Time de 1923 a 1988 procurando por ciclos nos tipos de papéis sociais retratados. Ele categorizou esses papéis de acordo com o ciclo organizacional de Talcott Parson como adaptado por Suzanne Keller. Líderes foram classificados em categorias “internos” e “externos”. Líderes externos eram aqueles em negócios, política, ciência, governo ou os militares cuja função era principalmente adaptação ou realização de objetivos. Os líderes internos eram estrelas de filme, apresentadores e personalidades da mídia, atletas, escritores, artistas, líderes trabalhistas, chefes de residência, filósofos, educadores, e cleros cuja função era integração ou latência. Ele encontrou evidência para uma tendência cíclica que era relacionada à política; a porcentagem de papéis externos retratados na capa da Time era moderadamente (r=+.41) correlacionado com a porcentagem dos votos para candidatos presidenciais republicanos.

Ciclos Geracionais na História.  Enquanto história, psicologia, ciência política e sociologia oferecem conhecimentos valiosos de suas perspectivas disciplinares, a teoria geracional fornece a explicação mais compreensiva e poderosa das mudanças de consciência em massa. Gerações (1991) de William Strauss e Neil Howe é um tour de force de análise geracional, cobrindo a extensão completa do passado e futuro americano de 1584 a 2069. O livro deles incorpora e sucede o trabalho de vários outros analistas geracionais da história política estadunidense (Elazar, 1976; Keller, 1979; Huntington, 1974) cujas observações históricas são similares mas menos desenvolvidas sistematicamente.

A alegação essencial da teoria geracional é que o fato biológico que humanos reproduzem em gerações distintas é relacionado com mudanças históricas. Em famílias, a biologia dita que gerações distintas irão suceder uma a outra em intervalos de 20 a 30 anos. Em qualquer ponto do tempo, a geração mais antiga pode diferir da mais nova simplesmente porque são mais maduros. Essas são diferenças de ciclos de vida. Há também mudanças coortes, causadas pelo fato que indivíduos nascidos em uma dada época histórica estão expostos a diferentes condições e eventos do que indivíduos que amadurecem em diferentes condições históricas (Mannheim, 1952; Goertzel, 1972). A parte complicada é entender como esses ciclos de vida e efeitos coortes interagem para produzir ciclos históricos.Strauss e Howe tentam reconciliar o ciclo de vida e abordagens de coorte definindo uma geração como “um grupo coorte especial cujo comprimento aproxima-se de uma fase básica da vida, ou cerca de vinte e dois anos nos últimos três séculos (p. 34). Eles afirmam que um “momento social” notável ocorre aproximadamente a cada vinte e dois anos, marcando a transição do período de dominação de uma geração para outra.

Baseado em sua pesquisa histórica, Strauss e Howe argumentam que a história americana é marcada por uma sucessão regular de quatro tipos geracionais, cada um dos quais dominam por cerca de 22.5 anos. Essa longa teoria do ciclo, levando noventa anos para passar por todos os quatro tipos, é o que incentiva-os a fazer previsões tão longe no futuro quanto 2069. Eles debatem que os quatro tipos geracionais ocorrem novamente em uma ordem fixa (com uma exceção) através da história americana. Eles também notam que referências a esse padrão geracional quaternário pode ser encontrado em Exodus e A Ilíada assim como nos trabalhos de Huntington (1981), Marias (1967, 1968), Littre (1860) e Ferrari (1872). Brevemente resumo, os quatro ciclos são como mostrados na seguinte tabela.
 

IDEALISTA - Profeta Uma geração interna e moralista que amadurece durante o período de despertamento espiritual e desenvolve uma nova paixão de credo. O arquétipo junguiano “profeta” é dominante.
REATIVO - Artista Uma geração cínica e alienada que desafia os ideais de seus pais e desenvolve-se em adultos pragmáticos e que correm riscos. O arquétipo junguiano “artista” é dominante.
CÍVICO
- Herói
Uma geração externa e moralista complacente que institucionaliza muitos dos ideais das gerações anteriores. O arquétipo junguiano “herói” é dominante.
ADAPTÁVEL
- Nômade
Uma geração hipotética que desliza ao longo das conquistas dos cívicos, preparando o terreno para uma nova era idealista. O arquétipo junguiano “nômade” é dominante.

Esse modelo de ciclo quaternário pode facilmente ser reconciliado com as observações dos Schlesinger, Klingberg e outros dobrarmos o quatro em dois. O Idealista e Cívico são ambos extrovertidos no sentido de serem ávidos a agir no mundo. Eles também são ambos “liberais” da maneira como Schlesinger define, preocupados com o bem comum, apesar de eles talvez não pertencerem ao mais “liberal” dos dois partidos em um sentido ideológico. O Reativo e Cívico são ambos introvertidos e “conservadores” em um sentido deste termo. As diferenças entre eles são bastante sutis; pouco é perdido se são combinados. A diferença entre os tipos idealista e cívico, por outro lado, é de considerável significância prática. Os idealistas são ativistas morais enquanto que cívicos são solucionadores de problemas práticos.

Strauss e Howe seguem cada uma dessas gerações através dos quatro estágios do ciclo de vida (juventude [0-21], adulto em ascenção [22-43], meia-idade [44-65] e idoso [66-87]), e exploram como as dinâmicas interpessoais dentre famílias tende a diferir dependendo de qual geração histórica cada coorte está fazendo parte. Contudo, essa discussão é muito complexa para qualquer um exceto o teórico geracional mais dedicado a seguí-la.

O conceito de “momento social” interpreta um papel chave na teoria de Strauss e Howe. Eles postulam que cada um dos ciclos longos têm dois deste momento, o primeiro no qual é um “acordar espiritual”, e o segundo uma “crise secular”. Os momentos sociais chave na histórica estadunidense são os seguintes:
 

DESPERTAMENTO ESPIRITUAL ou “Segundo Turno” CRISE SECULAR ou “Quarto Turno”
Despertamento da Reforma (1517-1539) Derrota da Armada Espanhola (1580-1588)
Despertamento Puritano (1734-1743) Revolução Gloriosa (1675-1692)
Grande Despertamento (1734-1743) Revolução Americana (1773-1789)
Despertamento Transcendental (1822-1837) Guerra Civil (1857-1865)
Despertamento Missionário (1886-1903) Depressão e Segunda Guerra Mundial (1932-1945)
Despertamento Boom (1967-1980) [esperado nos anos 2020]

Esse é um grande esquema histórico, muito na tradição de Sorokin e outros estudiosos das tendências culturais a longo prazo. Pode-se questionar se esses realmente foram os acontecimentos marcantes da história americana, ou se eles foram selecionados porque encaixam no esquema. Foi a revolução cultural do período 1967-1980 realmente o equivalente histórico do Primeiro Grande Despertamento? A Grande Depressão e Segunda Guerra Mundial realmente constituem um acontecimento? Por que a Primeira Guerra Mundial é deixada de fora? Também pode-se questionar se esses acontecimentos realmente determinaram a sucessão geracional no zeitgeist. Strauss e Howe fazem bem ao encaixar história cultural em seu esquema, exceto para o período pós Guerra Civil quando eles argumentam que nenhum geração cívica apareceu porque a Guerra Civil aconteceu cedo demais. Enquanto que esse esquema cobre a extensão completa da história americana, os ciclos são tão longos que apenas quatro e meio deles ocorreu desde que a nação foi fundada. Isso não fornece casos suficientes para qualquer tipo de certeza estatística, um problema inerente em teorias de ciclos longos. A conta deles é consistente com a de Robert Fogel (2000) que acredita haver quatro ciclos de cem anos na história estadunidense, cada um iniciado por um “Grande Despertamento”. Fogel parece não estar ciente do trabalho de Strauss e Howe que antecipou muitas de suas ideias.

O que pode esse tipo de teoria abrangente nos dizer sobre a política e cultura contemporânea? Uma coisa que nós isto é considerar pessoas de diferentes idades como produtos do período histórico em que chegaram à idade adulta. Hoje, cinco gerações são ativas politicamente como descritas na seguinte tabela.
 

GERAÇÃO (tipo) ANO DE NASCIMENTO (duração) PRESIDENTES E CANDIDATOS
G.I. (Cívico) 1901-1924 (24 anos) Johnson, Reagan, Nixon, Ford, Kennedy, Carter, George H.W. Bush, Dole
SILENCIOSO (Adaptável) 1925-1942 (18 anos) Mondale, Dukakis, Kemp, Hart, Jackson
BOOM (Idealista) 1943-1960 (18 anos) Bill Bradley, William Bennett, Newt Gingrich, Dan Quayle, Albert Gore, Bill Clinton, George W. Bush
DÉCIMO TERCEIRO 
("Generação X") (Reativo)
1961-1981 (21 anos)
MILENAR 
("Generação Y") (Cívico) "Generação 9-11 )
"Generation 9-11"
1981-2001? .

Dessas gerações, a geração G.I. e os “Baby Boomers” são bem conhecidos como fenômenos culturais. A Geração Silenciosa foi muito menos influente politicamente, como mostrado pelo fracasso em elegir qualquer presidente. A eleição de Bill Clinton foi amplamente interpretada como uma vinda ao poder dos “Baby Boomers”. Interessantemente, no entanto, Strauss e Howe não previram que os boomers viriam ao poder nas eleições de 1992. De fato, eles diferiram de Arthur Schlesinger, Jr. nessa questão, observando que:

Na primavera de 1988, Arthur Schlesinger, Jr., publicou um artigo intitulado “Acordem Liberais, Seu Tempo Chegou”, prevendo um ressurgimento do liberalismo estilo anos 60 para os próximos anos por vir. Até agora, a previsão de Schlesinger parece errada. Um problema, na nossa visão, é que um pêndulo de dezesseis anos é muito exato - e (contrariamente ao pêndulo de vinte e três anos de Klingberg) passa rápido demais. (Strauss e Howe, 1992: 103). Em boa forma científica, Strauss e Howe (1992: 105) alegaram que “o teste crucial de qualquer teoria é sua habilidade de previsão”, e Arthur Schlesinger parece ter ganho este teste crucial, compensando por seu erro em 1972. Talvez Strauss e Howe estivessem excessivamente engajados em sua teoria do pêndulo de 22 anos. Mais fundamentalmente, entretanto, Strauss e Howe provavelmente não deveriam ter entrado no negócio de prever eleições visto que eles estão fundamentalmente falando sobre cultura, não ideologia. Os Schlesinger estavam interessados na alternação de poder entre liberais e conservadores. Eles considerariam John F. Kennedy e Ronald Reagan como opostos. Para Strauss e Howe, porém, Reagan e Kennedy eram ambos membros da geração G.I., compartilhando uma cultura geracional em comum como “Cívicos”. A diferença na abordagem foi explicitada por Morton Keller (1976: 134): Para toda a divisão do Novo Acordo, FDR e Wendell Willkie em 1940 tinham mais em comum do que seus predecessores Smith e Hoover. Em retrospectiva, Dwight Eisenhower e Adlai Stevenson parecem ter sido cortados do mesmo pano consensual da década de 1950. E Richard Nixon e Jimmy Carter podem ser vistos como exemplares da geração política americana atual: homens do Novo Oeste e do Novo Sul, realizando a presidência através de seus domínios de uma política de imagens de mídia que suplantou uma política de organização, interesses, e problemas. Longos Ciclos Econômicos.  Há uma extensa literatura sobre ciclos longos na economia do capitalismo, apesar de o assunto permanecer controverso por causa das inconsistências e insuficiências em dados em longos períodos históricos. É válido notar, contudo, que há uma correspondência bastante próxima entre a teoria do longo ciclo econômico e a teoria geracional de Strauss e Howe. Baseado em Goldstein (1988), Dasbach (1993) argumentou que ondas longas duram aproximadamente 50 anos, que são divididos em uma fase expansionista A e uma fase contracionista B. Esses períodos de expansionismo e contracionismo são, portanto, de comprimento correto para corresponder com as gerações de 22 anos de Strauss e Howe, e duas das ondas longas de Dasbach poderiam corresponder com o ciclo de quatro gerações de Strauss e Howe. Dasbach fornece algum apoio empírico para adequar ondas longas com o fenômeno geracional ao correlacionar ondas longas com os dados de Braungart sobre a frequência do movimento da juventude nos últimos dois séculos.

A tabela seguinte corresponde os dados de Dasbach para longos ciclos econômicos com os dados de Strauss e Howe para longos ciclos geracionais. Para fazer a melhor combinação, eu selecionei a geração entrando na vida adulta durante cada período. A teoria coorte de gerações argumenta que a consciência das pessoas é mais impactada por condições históricas durante o período da “juventude”, de aproximadamente 16 a 25 anos de idade. Infelizmente, esse período não é destacada por Strauss e Howe, que dividem o ciclo de vida entre “juventude” e “amadurecimento” aos 22 anos.
 

Período econômico Condição econômica Período geracional  Geração amadurecendo Tipo geracional
1814-1848 Contracionista 1814-1843 Transcendental Idealista
1848-1872 Expansionista 1844-1864 Dourada Reativa
    1865-1881 Progressiva Adaptável 
1872-1893 Contracionista 1882-1904 Missionária Idealista
1893-1918 Expansionista 1905-1922 Perdida Reativa
1918-1945 Contracionista 1923-1946 G.I. Cívica
1945-1968 Expansionista 1947-1964 Silenciosa Adaptável
1968-[1993] Contracionista 1965-1982 Baby Boom Idealista
[1993-2018] [Expansionista] 1983-2003 Décima terceira Reativa

A combinação entre as teorias é irregular, como seria de se esperar dada a natureza dos dados. Interessantemente, a maior falha ocorre no período da Guerra Civil, que é precisamente onde a teoria de Strauss e Howe não funciona. As gerações mais ativas (Cívica e Idealista) parecem ser as que experienciam seus anos formativos durante um período de contração econômica. Elas alegam que a Guerra Civil aconteceu muito cedo, e por esta razão não houve uma geração Cívica após a reativa geração Gilded. Guerras são importante para ambas teoria do longo ciclo econômico (Goldstein, 1988) e a teoria do longo ciclo geracional de Strauss e Howe (a maioria das “crises seculares” deles envolvem guerras). Muito provavelmente, as guerras causam as tendências econômicas detectadas pelos teóricos do ciclo longo, apesar de os deterministas econômicos iriam atrair o caminho causal na direção oposta. A teoria do longo ciclo geracional preveria outra grande guerra (ou a equivalente “crise secular”) em 2020. A teoria do longo ciclo econômico preveria uma por agora (50 anos após a Segunda Guerra Mundial). De modo geral, na minha visão, a teoria do ciclo geracional parece encaixar nos dados históricos melhor, e os longos ciclos econômicos podem ser vistos como uma consequência dos ciclos geracionais. Até onde sei, isso não foi considerado na literatura do longo ciclo, que é dominada por neo-marxistas.
 

Esse gráfico foi criado por Peter von Stackelberg que postou uma versão Flash muito superior em seu site muito interessante FuturesWatch.orgSe o dele não estiver funcionando ou se você não possui Flash, você pode conseguir uma versão no meu site que é melhor do que esta acima. 

Prevendo o Futuro?   Em seu livro, The Fourth Turning: An American Prophecy (1997), Strauss e Howe ousadamente tentaram prever o futuro americano. Eles deveriam ser aplaudidos por essa iniciativa. Muitos escritores têm uma retrospectiva 20/20, mas nunca tomam esse risco de fazer previsões que podem voltar para assombrá-los. Strauss e Howe foram recompensados por seus esforços. Depois do 11 de setembro, o livro deles foi para o topo de vendas na amazon.com porque eles previram que algo como esse ataque iria ocorrer. É verdade? Eles previram o ataque de 11 de setembro? E, se sim, isso significa que eles podem prever as consequências do mesmo?

Claro, Strauss e Howe não previram os detalhes do ataque de 11 de setembro, apesar de que eles deram vários cenários, um dos quais incluía terroristas explodindo um avião. O que eles disseram foi: “em algum momento próximo ao ano 2005, talvez alguns anos antes ou depois, a America irá entrar no Quarto Turno... uma faísca irá acender um novo humor...irá catalisar uma crise. Em retrospectiva, a centelha pode parecer tão ameaçadora quanto um acidente financeiro, tão comum quanto uma eleição nacional, ou tão trivial quanto uma Festa do Chá. Poderia ser uma rápida sucessão de vários pequenos eventos no quais a ameaça, o ordinário, e o trivial estão mesclados” (p. 272). No site do livro eles citaram: “o Quarto Turno oferece esse tipo de profecia ousada: logo após o milênio, a América irá entrar em uma novo era que irá culminar com uma crise comparável à Revolução Americana, a Guerra Civil, a Grande Depressão, e a Segunda Guerra Mundial. A sobrevivência da nação quase definitivamente estará em risco.”

Como grande parte das profecias, esta é generalizada suficiente para ser difícil dizer com certeza se um dado acontecimento encaixa nela (mesmo notando que 2001 é apenas “alguns” anos antes de 2005). Mesmo Strauss e Howe não estão certos se esse foi a reviravolta que eles estavam procurando. Em uma postagem em 13 de setembro de 2001 em seu site eles disseram: “Esse ataque terrorista foi uma “faísca” chocante na história, do tipo que descrevemos, substancial o suficiente para catalisar uma crise de humor? Com certeza. E irá fazê-lo? Essa ainda é uma questão em aberto - mas poderia.” Eles citam outra passagem do livro: “Uma centelha irá acender um novo humor...Uma faísca inicial irá desencadear uma reação em cadeia de respostas inabaláveis e mais emergências...Em casa e no exterior, esses acontecimentos irão refletir o rompimento do tecido cívico em pontos de extrema vulnerabilidade - áreas problemas onde, durante o Desvirtuamento, a América terá negligenciado, negado, ou atrasado ações necessárias. Raiva aos “erros que cometemos” irá se traduzir em chamados por ação, independentemente do elevado risco público. É improvável que o catalisador piore em uma catástrofe completa, já que a nação irá provavelmente encontrar um jeito de evitar o perigo inicial e estabilizar a situação por um tempo. A rebelião local irá provavelmente ser reprimida, terroristas derrotados, crises fiscais evitadas, desastres detidos, ou fervor de guerra esfriado. Ainda assim, se consequências graves forem temporariamente evitadas, a América terá entrado no Quarto Turno” (273-274).

As previsões de Strauss e Howe cobrem um bom alcance de resultados. Os terroristas podem ou não ser detidos, crises fiscais podem ou não ser evitadas, o fervor de guerra pode ou não ser esfriado. O que quer que aconteça, as previsões não serão contrariadas. Não podemos culpá-los por cobrir suas apostas desta maneira, já que sabemos que ninguém pode fazer previsões exatas. O termos “ciclo” é frequentemente usado em referência aos fenômenos economia e social, mas esses não são os ciclos no sentido em que o termo é usado na física. Eles não são períodos regularmente recorrentes de duração fixa. Há mudanças definidas na consciência, mas não podemos prever com exatidão quando elas irão ocorrer ou quanto tempo irão durar.

Strauss e Howe permanecem convencidos de que conseguem prever tendências generalizadas, mesmo que não possam prever os momentos decisivos com precisão. Se eles estão certos, o que isso significa para nós? Significa que a América e o mundo livre são devidos a uma crise profunda caracterizada por diversas quedas no mercado financeiro, diminuindo a confiança nas instituições estadunidenses, e, muito provavelmente, “uma repentina espiral decrescente, uma implosão de confiança social” (p. 275). Essa crise profunda deveria alcançar um clímax aproximadamente no ano 2020, quando todos os problemas da América irão parecer terem congelado em “um problema gigante, a própria sobrevivência da sociedade estará em risco.” Finalmente, iremos experienciar “uma grande reversão de entropia, o milagre da história humana no qual a confiança renasce” (278).

O padrão histórico é forte suficiente para que levemos esse cenário a sério. Mas não precisamos aceitar isso como inevitável. Temos escolhas, podemos escolher mudar o futuro. Mesmo Strauss e Howe, em seu grupo de discussão online, alegam que “mudanças no modo de pensar sobre acontecimentos podem determinam a direção e os resultados dos acontecimentos em si”. Se a confiança do consumidor é quebrada, o governo tem uma reação exagerada às ameaças terroristas, e o público é seduzido por soluções maximalistas, então o Quarto Turno estará sob nós. De outra forma, não irá acontecer.

Futurismo não é sobre prever um futuro inevitável, é sobre entender tendências para que decidamos como lidar com elas. Strauss e Howe, no entanto, parecem sentir que as marés da história são tão fortemente contra as tendências que há pouco a ser feito além de aceitar os fatos. No Quarto Turno (pp 312-321), eles nos aconselham:
 

Conselhos de Strauss e Howe para a América como uma Sociedade
No Atual Momento Histórico Decisivo
  • estabelecer o consenso e animar a cultura, mas não esperar resultados a curto prazo
  • limpar os destroços e descobrir o que funciona, mas não tentar construir nada grande
  • definir desafios abertamente e enfatizar deveres acima de direitos, mas não tentar reformas que não possam ser alcançadas agora
  • exigir trabalho em grupo comunitário para resolver problemas locais, mas não tentar isso em escala nacional
  • tratar crianças como a maior prioridade da nação, mas não fazer todo o trabalho deles por eles
  • dizer aos futuros idosos que eles irão precisar ser mais auto-suficientes, mas não tentar cortes profundos em benefícios aos idosos atuais
  • corrigir fundamentais, mas não tentar ajustar o desempenho atual

  • esperar o pior e preparar-se para mobilizar, mas não fazer pré-comissão com qualquer resposta
E os Conselhos Deles para Individuais
  • retornar às virtudes clássicas
  • construir relações pessoais de todos os tipos
  • preparar-se para trabalho em grupo
  • procurar pelo apoio da sua família
  • cingir pelo despertamento ou colapso dos mecanismos de apoio público que diversificam tudo que você faz

Isso é o melhor que podemos fazer? Certamente espero que não. O problema com profecias é que elas podem ser auto-realizáveis. Strauss e Howe esperam tempos difíceis para os EUA, e eles querem ajudar as pessoas a se prepararem. Mas expectativas são uma grande parte do problema. O ataque à América no 11 de setembro veio em um tempo em que a economia do país estava incerta e parecia estar enfrentando um declínio cíclico. Um grande fator na economia é a confiança do consumidor. Como Paul Krugman (2001) disse: “A razão para estar preocupado com os efeitos econômicos do terrorismo não é o dano em si, mas a possibilidade que consumidores e investidores nervosos irão parar de gastar. Realmente, a única coisa que temos a temer é o próprio medo.”

Muita conversa sobre ciclos pode levar ao fatalismo e à desesperança. E desnecessariamente visto que nem todas as tendências são cíclicas. Muitas tendências são progressivas, tais como o crescimento em sabedoria e em produtividade econômica. Economistas aprenderam muito desde a década de 1930 sobre como administrar uma economia, e o governo tem uma habilidade aprimorada para agir sob o conselho destes. Não há chances de uma repetição da onda de falência de bancos como ocorreu em 1930, por exemplo, porque nós simplesmente não iremos permitir que isso aconteça. Líderes políticos, diplomáticos e militares aprenderam de fracassos, como a guerra do Vietnã, e estão agora determinados a não repetir seus erros. Líderes empresariais aprenderam como medir e responder às mudanças nas atitudes dos consumidores (Walker, 2001). E Strauss e Howe descobriram o ciclo geracional, e nos avisaram que precisamos mudá-lo. Todas essas coisas nos dão esperança que podemos evitar o futuro sombrio que Strauss e Howe projetaram para nós.
 
 

SONETO PARA CICLOS
por Kenneth Boulding
22 de fevereiro de 1992

Ciclos nos cercam, assim que chegamos a ser;
Desperta-adormece, desperta-adormece, noite-dia, escuro-claro, noite-dia;
Alimentando-se em intervalos, segue seu caminho,
A lua nunca livra-se dos padrões mensais.
Estações seguem-se incansavelmente,
E, conforme crescemos sob influência de novos aprendizados,
Plantas em grandes e pequenos ciclos brincam.
Para alguns, cada dia traz o chá das quatro horas.

Pássaros batem suas asas e migram num vai e vem.
Ainda assim acredito que o tempo tem uma flecha.
Grande Ciclos? -- NÃO! -- eles fazem a mente muito estreita,
Pois a Evolução segue uma pista ascendente
   Que meu pequeno eu consegue escalar conforme cresce o conhecimento
    Da criação de Deus. Para que fim? Quem sabe?


 

REFERÊNCIAS

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