Original Article: The Edward Scarlett Trade Card
Author: Antique Spectacles

O Cartão Comercial de Edward Scarlett


A Versão Recém-Descoberta da Biblioteca Bodleiana, 1714-1727

Crédito da Imagem:
(A) Douce Adds 139 (766), Biblioteca Bodleiana, Universidade de Oxford e (B) para o Museu da Associação Óptica Britânica na Faculdade de Optometristas já que ambos gentilmente compartilharam cópias preto e branco em alta resolução para apresentar essa análise e comparação

Agradecimentos pessoais muito especiais são estendidos à Neil Handley, Curador no Museu BOA, cujo o extenso conhecimento no grande campo de história óptica é surpreendente. Esta página também foi criada com o auxílio querido de Josie Lister, Sheila O’Connell, Sara Schechner, Karsten Gaulke, Peter de Clerc, Dennis Simms, Dr. Charles Letocha, Marv Bolt, Paolo Brenni, Adrian Whicher e, claro, do webmaster Lee Berkowitz.

INTRODUÇÃO

O cartão comercial óptico Edward Scarlett é, adequadamente, considerado uma das peças mais significativas das impressões efêmeras em existência. Sua importância específica na história oftálmica é devido ao fato de que o cartão constitui o anúncio mais antigo para hastes laterais em óculos. Por mais de quatrocentos anos, os óculos haviam descansado somente no nariz. O cartão comercial de Scarlett (cerca de 1728-30, ou talvez agora datado um pouco mais cedo) ilustra peças com articulações nas têmporas que são curtas, retas e com terminações em espirais (ponteiras). Essas ponteiras eram pressionadas contra uma área relativamente grande da cabeça na região das têmporas e também no nariz, proporcionando uma estabilidade melhorada para o usuário. Logo depois essas espirais foram provavelmente modificadas para virarem grandes terminações anelares, como vistas nos primeiros óculos de têmpora, exemplos os quais são encontrados em muitas coleções privadas e públicas.

O cartão comercial de Scarlett é de extrema raridade e, até recentemente, somente dois modelos tinham sua existência conhecida, um no Museu BOA e outro no Museu de Ciência, ambos em Londres. Um terceiro modelo foi descoberto, entretanto, após um estudo em 2007 do Departamento de Impressões e Desenhos do Museu Britânico. A descoberta muito afortunada de uma nota em jornais, realizada lá, levou a um modelo incrível na Biblioteca Bodleiana, na Universidade de Oxford, o qual se difere dos outros dois. O cartão comercial de Scarlett será analisado e discutido abaixo e também demonstrado nas apresentações em slides que se seguem. Os três modelos apresentados têm ilustrações de aproximadamente trinta objetos científicos na área periférica, fazendo com que esse cartão comercial seja um dos mais visuais já impressos. Ele também tem três rodelas de texto, cada uma com quase a mesma mensagem mas em idiomas diferentes, Inglês, Francês e Holandês.

PAI e FILHO

Edward Scarlett, o mais velho (algum tempo antes de 1677 – 1743), foi aprendiz em 1691 de Christopher Cock of Long Acre, um membro da Sociedade Adoradora de Fabricantes de Óculos. Scarlett foi libertada da Sociedade de Fabricantes de Óculos em 1705 quando ele abriu pela primeira vez sua loja chamada de Archimedes & the Globe na rua Dean, próximo à igreja St. Anne, em Soho, Londres. Então, ele se tornou Mestre da Sociedade de Fabricantes de Óculos em 1720-22. John Marshall era o oculista para a monarquia da época, então quando ele morreu Scarlett foi nomeado “Oculista para Sua Majestade Rei George Segundo", em 1727. Ele era um oculista diferenciado e muito respeitado, e permaneceu na sua loja até sua morte, em 1743.

O filho, também Edward Scarlett (talvez 1702 - aproximadamente 1779) foi aprendiz do pai, começando cerca de 1716 e depois trabalhou no mesmo endereço até aproximadamente 1770. O filho foi libertado da Sociedade em 1924 e se tornou Mestre da Sociedade de Fabricantes de Óculos em 1745. Ele fez microscópios e telescópios e também era registrado em um endereço adicional na Rua Maxwell, começando em 1749, os Óculos, segunda casa da Rua Essex, próximo ao Temple Bar, em Londres.

ÓCULOS DO TIPO SCARLETT

Edward Scarlett Pai talvez não tenha sido o real inventor de hastes de óculos mas as provas disponíveis indicam, definitivamente, que ele foi o primeiro a fazer propaganda deles. Somente um modelo real dos óculos sobrevive hoje no domínio público, e só alguns outros modelos (provavelmente datados mais tarde no século 18) foram localizados. Aquele único tesouro mais famoso existe no Museu BOA em Londres (catálogo moderno #LDBOA1999.1308). Foi descoberto quase que por acidente, durante obras no porão do museu, depois na Knaresborough Place em 1990. Felizmente, o Curador da época, Hugh Orr, tinha conhecimento suficiente para reconhecer sua importância, e sua autenticidade foi então confirmada por Ronald MacGregor e também por outros especialistas internacionais. A loja de Scarlett divulgava esse tipo, então eles foram conhecidos como “tipo Scarlett”. Ao contrário do que é relatado ocasionalmente, nem Scarlett Pai nem Scarlett Filho nunca alegaram ter inventado as hastes laterais nem nunca patentearam esse elemento.

Hugh Orr mais tarde escreveu um artigo para o boletim informativo da OAICC, Antiguidades Oftalmológicas, com o título “O Sonho do Colecionador de Antiguidades”. Ele descreveu uma de suas principais tarefas quando começou a recatalogar a coleção do Museu de Fundação BOA. Ele estava trabalhando com um pacote misto de óculos, pastas e etc, de metal e ferro enferrujado, que foram deixados de lado por não ter valor. Para sua surpresa, ele viu um par com hastes espirais curtas, coberto com pedaços de veludo. As lentes (+1.25 OD, +2.50 OE) estavam quebradas e “a armação já tinha visto dias melhores”. Mas estes eram óculos do tipo Scarlett, e certamente o tipo de descoberta que só acontece uma vez na vida. Era a maior descoberta de Orr, porque ele sabia que Scarlett tinha sido o primeiro a fazer propaganda de óculos com hastes (têmporas), e assim poderia ser, muito provavelmente, o inventor deles.

OUTRAS CONTRIBUIÇÕES ATRIBUÍDAS ao NOME SCARLETT

Outro importante desenvolvimento originou-se do trabalho de Edward Scarlett, o pai. A medição rústica de lentes a prescrição de poder por distância focal começou provavelmente com os Florentines durante o século 15. Depois, o monge Agostiniano Tommaso Garzoni de fato média a curvatura de lentes no último trimestre do século 16th. O famoso livro de 1623 de Daza de Valdes explica o método dele de classificar lentes por graus correspondendo à décadas de idade, de 30 até 80. Alguns desses sistemas proporcionavam designações bem exatas, porém outros eram baseados só na necessidade relativa ou na idade aproximada de quem usaria. Normalmente, óculos eram mais ou menos classificados para “pessoas mais velhas” ou para “pessoas mais novas”. Daza de Valdes, em particular, usou um método que poderia ser considerado bem preciso para os padrões de hoje. Depois, aproximadamente cem anos mais tarde, nosso Edward Scarlett se tornou o primeiro oculista a medir e a numerar lentes de óculos de acordo com sua distância focal (poder relativo marcado em polegadas) e depois ele MARCARIA aquele número na armação. Essas Marcas de Foco Scarlett proporcionaram uma maior variedade de poderes de lente óticas para pessoas precisando de óculos. Produzir óculos era quase que uma arte antes de seu tempo; agora com o “novo método” de Scarlett isso viraria um trabalho manual mais preciso."

No seu cartão comercial, Edward Scarlett anunciava que ele ‘Fazia todos os tipos de Óculos Ópticos (e) fazia óculos a partir de um novo método, marcando o Foco no vidro sobre a Armação, isso sendo aprovado por todos os Estudados em Óptica como [o] jeito mais Exato de adequar diferentes Olhos’. O Edward Scarlett mais velho mantinha um padrão alto de liderança em cumprir as leis ópticas da Cidade de Londres. Ele e seu filho também colaboraram como conhecido matemático John Hadley (1682-1744), que era na época o Vice Presidente da Sociedade Real. Aquela colaboração deu aos Scarletts conhecimento em métodos avançados de medir lentes praticados por cientistas. Isso, provavelmente, foi o que levou ao desenvolvimento da Marca de Foco Scarlett.

No Jornal Semanal, em 23 de Maio de 1724, apareceu o seguinte “Semana passada foi mostrado ao Rei (George I, 1714 - 1727), Príncipe e Princesa.... uma peça curiosa de Pintura Dióptrica pelo brilhante Sr. Edward Scarlett, oculista para Suas Altezas Reais, famoso por seu recente Aprimoramento em adequar óculos para olhos fracos pela distância focal do vidro".

A maioria dos óculos criados entre 1724 (quando esse “aprimoramento” foi anunciado ao rei) e 1743 (quando Scarlett Pai morreu) eram óculos de nariz no estilo Nuremberg. Variantes dobráveis também foram feitas. Não deveria ser fácil colocar o número focal numa armação típica Nuremberg da época. Portanto, em alguns anos mais tarde nós supomos que virou muito mais prático simplesmente gravar esse número de distância focal na lente de vidro mesmo, ainda que não sabemos se Scarlett foi o primeiro oculista a realmente começar essa prática.

Também no final do século 18, outras marcas (30, 40, 50...100) foram às vezes anotadas nas hastes de óculos. Quanto maior o número marcado na armação, mais uma lente daquele poder iria provavelmente melhorar a visão para uma pessoa aproximadamente naquela idade. Todos esses desenvolvimentos foram analisados no excelente artigo de Julho de 1951 do The Optician, escrito por Otto Ahlstrom, curador do Museu de Ópticos Unidos de Estocolmo.

Além do que foi detalhado acima, a etiqueta do Museu de Ciência na sua exposição, agora desmontada, da antiga Galeria de Óticas especificava que era o Scarlett filho quem estava envolvido em espelhos. É normalmente indicado que o astrônomo amador Samuel Molyneux (1689-1728) revelou os resultados de seus experimentos em ópticos à ‘Edward Scarlett’ mais ou menos entre 1724-1728 mas não é totalmente certo a o quê Scarlett foi referido. Podemos assumir com segurança que algumas referências à ‘Edward Scarlett’ nas décadas de 1720 e 1730 são ao negócio com esse nome e não especificamente ao pai ou ao filho em pessoal.

OS TRÊS EXEMPLOS do CARTÃO

Três exemplos têm sua existência conhecida hoje em dia:
1) Biblioteca Bodleiana, Universidade de Oxford – Informação adquirida enquanto fazia pesquisas do Departamento de Impressões e Desenhos do Museu Britânico que felizmente levaram à descoberta desse tesouro em papel. Agora acredita-se ser 1714-1727. Douce Adds 139, item 766. Tamanho 10 ½ x 8 ¼ polegadas.
2). Museu da Associação Óptica Britânica da Faculdade de Optometristas, catálogo moderno número LDBOA1999.242 - Esse exemplar está um pouco desbotado mas também é único já que aparentemente foi usado como panfleto com data 1756. Foi assinado por Scarlett Filho no verso e acredita-se que é uma assinatura original, e não uma assinada por outro funcionário.
Foi reimpresso no Catálogo de Biblioteca do Museu BOA de 1932 por J.H. Sutcliffe and E.S. Chittell, na página contrária 296.
3). Museu de Ciência de Londres – Esse exemplar estava exposto no Galeria de Ótica do museu, mas infelizmente foi desmontado em 2007. Foi reimpresso no important livro de H.R Calvert M.A de 1971 chamado Cartões Comerciais Científicos na Coleção do Museu de Ciência. Aparecendo na página 44 e anotado como catálogo # 339, está marcado como inventário 1934-120 do Museu de Ciência. Tamanho 11 3/8 x 9 ⅜ polegadas.

QUAL É A VERSÃO MAIS ANTIGA?

Os principais pontos de diferença entre o exemplar Bodleiana que recém veio à tona e a versão anteriormente conhecida do Museu BOA / Museu de Ciência são:

1). O Símbolo Real tem uma aparência diferente
2). Abaixo do Símbolo Real aparecem as palavras em Francês ‘Dieu et mon droit’, mas somente em uma das versões.
3). Na rodela superior esquerda o texto nomeia dois membros diferentes da Família Real reinante.
4). Na rodela de baixo o texto Holandês varia com uma versão sendo mais curta que a outra.
5). A versão BOA é menos bem-definida mesmo quando comparada com o exemplar do Museu de Ciência

Em um dos catálogos no Departamento de Impressões e Desenhos do Museu Britânico, há uma fotografia de um cartão comercial de Edward Scarlett na Coleção Douce na Biblioteca Bodleiana. Notas são escritas por Sir Ambrose Heal (1872-1959) na montagem desta fotografia… .Heal 105.88 [N.B. Este cartão refere-se ao Príncipe e Princesa de Gales então deve ser datada de antes de Junho de 1727 quando o Príncipe (George) subiu ao trono como George II].

Também há anotações por Ambrose Heal na montagem de uma fotografia de um cartão comercial de Edward Scarlett no Museu de Ciência, em South Kensington. Como o cartão se refere à George II, deve ter data após de Junho de 1727. Heal até sugeriu que o cartão comercial tenha sido originalmente produzido tão cedo quanto 1710, mas a escrita nesse exemplar teria que ter sido feita depois de Junho de 1727.

Peter de Clercq nasceu na Holanda e é um escritor independente, pesquisador e oficial da Sociedade de Instrumento Científico. Foi solicitado à ele que analisasse os dois cartões comerciais. Sua resposta, “Eu comprei os dois cartões comerciais Scarlett da biblioteca Bodleiana (vamos dizer que é o item A) com o ilustrado em H. R. Calvert, Cartões Comerciais Científicos na Coleção do Museu de Ciência (1971), placa 44 (item B) e o que eu compreendi também está na coleção do nosso bom amigo Neil Handley. O texto Holandês no item A é uma tentativa hilária de traduzir os textos Inglês e Francês, demasiado longo e bem confuso. Presumimos que alguém fluente na língua Holandesa teve acesso ao cartão e aconselhou Scarlett, resultando no texto bem mais curto e correto no item B. Isso pra mim é uma evidência convincente de que o item A é o mais velho dos dois.”

George II é mencionado na versão do Museu BOA / Museu de Ciência. Isso significa que a data mais antiga que poderia ter é 1727. A versão BOA é menos bem-definida do que a exemplar do Museu de Ciência; assim deve ter sido impresso bem depois, apoiado pelo fato que de está marcado na parte de trás que era um panfleto de 1756.

O Símbolo Real da versão Bodleiana deve ser após 1714, por causa da parte inferior direita que é dividida em três mostrando dois leões num campo, e na parte mais de paixo um cavalo galopando, símbolo de Hanover. Nós não sabemos o quão rápido os Mensageiros Reais operaram para elaborar a versão revisada do símbolo… George I subiu ao trono em Agosto 1714. Príncipe George (o futuro George II) foi apontado como Príncipe de Gales em 27 de Setembro de 1714, então o cartão comercial deve ser de após esse mês. Ele virou Rei em 11 de Junho de 1727.

A versão Bodleiana menciona o Príncipe e a Princesa de Gales. Isso se relaciona com o futuro George II, apontado como Príncipe de Gales em 1714 quando já era casado. A versão Bodleiana também está melhor gravada, assim provavelmente estando mais próximo do original. Poderia ser 1714-1727. O legal é que isso poderia provavelmente mudar a atual data mantida como invenção de hastes de óculos.

CONCLUSÕES

Os fabricantes de instrumentos óticos de Londres anunciavam seu trabalho por meio de cartões comerciais e panfletos. Esses cartões de comércio, ou melhor, cartões comerciais eram geralmente impressos em um lado do cartão, ou mais comum, só numa folha de papel. Eles proporcionam evidências incríveis do desenvolvimento social da profissão de um oftalmologista. Eles também são uma fonte útil para a história da ciência e pode às vezes ajudar a datar instrumentos (ou invenções como os primeiras hastes flexíveis para óculos – o “tipo-Scarlett”. Muitos dos fabricantes eram membros da Sociedade Adoradora de Fabricantes de Óculo. Cada fabricante também tinha uma placa na frente (fachada) do qual seu negócio era conhecido. Muitos dos instrumentos óticos oferecidos à venda durante os dias de trabalho de Edward Scarlett aparecem no seu raríssimo cartão comercial, o terceiro exemplar que agora foi descoberto. Parece que existem suas versões bem distintas. O cartão comercial Scarlet foi provavelmente atualizado assim que os títulos Reais mudaram, em 1727; assim essa permanece como a data aproximada mais antiga da versão do Museu de Ciência / BOA. Essa versão Bodleiana recém descoberta aparenta ser mais antiga, de 1714-1727, provavelmente trazendo à frente a data da invenção das hastes para óculos para até trinta anos e confirmando sua invenção, em qualquer caso, para pelo menos 1727.

Os instrumentos óticos ilustrados nesses cartões comerciais eram pra ser vistos como objetos de beleza tanto quanto eram pra ser úteis. Por todas essas razões que o cartão comercial Scarlett é considerado por muitos um instrumento de ensino incrivelmente potente para qualquer pessoa interessada nesse assunto histórico. Nós estivemos analisando o texto do cartão e as imagens dos instrumentos também são apresentadas abaixo, dadas um título junto com uma descrição útil. Nós esperamos que você possa aprender sobre a grande variedade disponível de acessórios de oculistas (instrumentos científicos) durante o começo do século 18, em Londres. Comentários e correções são bem-vindos, é; claro.